segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Novas conexões a favor do Hip-Hop

A música brasileira, assim como nossas etnias, sotaques ou dialetos, gostos ou expressões, reflete, por sua própria formação histórica, o pluralismo. Cada um de nós nada mais é que uma síntese de diversas culturas que interagem harmonicamente na construção de novas falas, assim como bons samples. Do dicionário, a palavra diversidade é um substantivo feminino, que significa ‘diferença, dessemelhança, variedade: diversidade de objetos. Divergência, oposição, contradição: diversidade de opiniões’.Historicamente, a dificuldade em aceitar a cultura do outro demonstra em que base foi construída a indústria cultural – que hoje encurralada pela internet repensa as atitudes que homogeneizaram a música e que deixaram o mercado saturado de artistas iguais. Respeitar e conhecer a diversidade da música brasileira é tal como defender a bandeira de um time, de um país, de um movimento, de um ideal. É proporcionar reconhecimento de sua própria história e preservá-la.E foi nesta batida: intercambiar idéias e ideais, apresentar a cultura regional, conhecer a cultura de outros brasileiros, absorver e interferir criando novas expressões, que o Projeto Música do Mato partiu de Mato Grosso e viajou por nove Estados: DF, GO, MG, CE, RN, PB, PE, BA e RO em uma turnê que encerrou nas últimas semanas.Segundo o MC Linha Dura, que faz parte do projeto, que contou ainda com os músicos Ebinho Cardoso, Macaco Bong, Paulo Monarco e Rodrigo Farinha, a idéia surgiu da necessidade de mostrar pro Brasil a potencialidade da musica mato-grossense. “Sentimos que era necessário para a diversidade, mostrar aos outros Estados da nossa região como funciona a nossa organização política, que tem o foco na música”. O projeto nasceu da REDE MATO, que segundo o MC é: “uma rede onde discutimos políticas públicas para a música brasileira a partir da nossa realidade mato-grossense”.
Foram quase vinte dias de apresentações, nas cidades de Pirinópolis, Inhumas, Uberlândia, Fortaleza, Natal, Recife, João Pessoa, Recife e Vitória da Conquista, que contaram com o apoio de iniciativas como as ABRAFIN (Associação Brasileira de Festivais Independente) onde a CUFA-MT faz parte com o festival Consciência Hip-Hop, além da movimentação sócio cultural promovida pelos coletivos do Circuito Fora do Eixo, que possibilitaram o intercâmbio realizado pelos músicos nas cidades por onde passaram.
Na bagagem de volta, além do enriquecimento proporcionado pela criação de novas conexões culturais e sociais com artistas da região, Linha Dura destaca a visível desorganização do cenário musical. “Não temos um cenário musical organizado que dificulta a circulação de grupos de RAP e que na real não é um problema somente nosso do RAP, mas sim da música no geral, mas o Rap está um pouco mais atrasado nessa questão”, disse. Ele aponta a falta de profissionalismo com um dos motivos para as dificuldades da música Rap encontrar espaço no mercado. “O Hip-Hop precisa urgente de um novo modelo de gestão, de fazer negócio, pois importamos somente as roupas largas dos gringos, as rivalidades da Costa Leste com a Costa Oeste, mas não importamos a maneira que eles negociam, como gerenciam o dinheiro, como se comportam quando estão na frente de outros empresários”.
Segundo ele, é preciso articular o movimento Hip Hop com os órgãos públicos, estar presente nas discussões políticas dos fóruns, nas redes sociais. “Hoje estou como conselheiro na Rede Música Brasil, uma rede que faz parte da Funarte que é vinculada ao Ministério da Cultura. Pode até parecer pouco, mas não é, significa que querendo ou não existe alguém do RAP ocupando espaço no meio de outros segmentos”. E finaliza: “O Hip-Hop precisar sacar e aprender um pouco mais com a classe média, fazer meio que uma operação ‘Robin Hood’ mesmo, e aplicar na favela. A Cufa é mestre nesse diálogo”.[Na entrevista, Linha Dura deixou o recado para quem tiver interesse em participar dos festivais promovidos pela ABRAFIN, enviar material e contato para o E-mail: linhadura@gmail.com]
Acesse a matéria no site Central Hip Hop (Bocada Forte)

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